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Superando barreiras para o melhor acolhimento

Em uma unidade de saúde de Curitiba, uma enfermeira aponta para um desenho colorido em uma prancheta: um sol, uma lua, uma gota d’água e um pequeno rosto sorridente. A criança haitiana à sua frente entende imediatamente — é hora do remédio. Nenhuma palavra foi dita, mas toda a mensagem foi compreendida. É nessa tradução silenciosa que mora um dos maiores avanços tecnológicos e humanos da saúde pública curitibana.


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O atendimento a crianças migrantes — vindas de países como Cuba, Venezuela, Haiti, Colômbia e Síria — trouxe um desafio que vai além do diagnóstico: a comunicação. Em meio a idiomas diferentes e culturas distintas, os profissionais de saúde da capital paranaense têm reinventado o jeito de cuidar.


Acolher, afinal, é enxergar a necessidade do outro, mesmo quando as palavras não bastam. Por isso, o que antes era apenas um protocolo agora se tornou um campo fértil de inovação aplicada à empatia. Aplicativos de tradução, tabelas com ícones e cores, imagens de horários e sensações — tudo isso virou parte do vocabulário visual de médicos, enfermeiros e técnicos.


E é curioso notar como a tecnologia, geralmente associada à frieza dos dados, ganha aqui uma dimensão quase poética. Ela serve de ponte entre o toque humano e a precisão digital. Cada gesto é traduzido em cuidado, e cada cuidado em esperança.


Esses profissionais não apenas tratam doenças — eles redesenham possibilidades de futuro. Para as famílias migrantes, o atendimento acolhedor e inclusivo é o primeiro sinal de que recomeçar é possível. E, para nós, é o lembrete de que a verdadeira inovação não está apenas nas máquinas, mas em quem as usa para compreender o outro.

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