Os novos radares inteligentes e a era da multa automatizada
- RENATO VIDAL

- há 6 dias
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Lembram daqueles radares “espertinhos” que São Paulo e Curitiba começaram a instalar lá em 2023 — aqueles baseados no Efeito Doppler, capazes de perceber quando o motorista pisa no freio antes do radar e pisa de novo no acelerador logo depois? Pois bem: eles evoluíram. E agora, ganharam um upgrade tecnológico que promete tirar o sono (e o sossego) de muita gente que insiste em dirigir com o celular na mão.

A nova geração de radares inteligentes vem equipada com Inteligência Artificial e câmeras de altíssima definição. Essa dupla dinâmica é capaz de identificar, com precisão milimétrica, quem está usando o celular ao volante — e emitir a multa automaticamente, sem intervenção humana.
Não é ficção científica: o sistema já está operando em rodovias de São Paulo e deve se expandir para outras cidades. Ele reconhece padrões visuais — posição das mãos, postura corporal e até o brilho característico da tela do smartphone — e, em milissegundos, cruza os dados do veículo, horário e local para registrar a infração.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o uso do celular ao dirigir é um dos maiores fatores de risco nas vias. Uma simples ligação tira a atenção do motorista por até nove segundos — tempo suficiente para percorrer duas quadras às cegas. A Organização Mundial da Saúde vai além: o hábito aumenta em 400% o risco de acidentes, equiparando-se ao ato de dirigir embriagado.
Em outras palavras: se antes o perigo estava no copo, hoje ele cabe na palma da mão.
A IA, nesse caso, surge como aliada da segurança. Ela já está presente em semáforos inteligentes, em sistemas de controle de tráfego e agora avança para o campo da fiscalização automatizada. O processo é totalmente digital: a câmera flagra, o algoritmo confirma, o sistema valida e… multa enviada. Rápido, preciso e, para muitos, implacável.
O Código de Trânsito Brasileiro classifica o uso do celular ao volante como infração gravíssima, com multa de R$ 293,47 e 7 pontos na CNH. Mas talvez o valor mais alto seja outro: o da consciência de que tecnologia e responsabilidade precisam andar na mesma faixa.
Porque, convenhamos, com radares aprendendo a ver, ouvir e pensar, talvez o único “modo invisível” que reste ao motorista seja o da prudência.




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