O Núcleo da Terra parou de girar; como isso afeta nossa vida
- ALEXANDRE MARTINS

- 2 de out.
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Quando falamos em tecnologia, muitas vezes pensamos em circuitos, satélites ou inteligência artificial. Mas há uma engrenagem muito mais antiga, silenciosa e poderosa operando sob nossos pés: o núcleo da Terra. Um estudo recente da Universidade de Pequim, publicado na Nature Geoscience, mostra que o núcleo interno — uma esfera sólida de ferro e níquel envolvida por um oceano de metal líquido — pode ter parado de girar e até invertido sua rotação.

Esse dado não é uma mera curiosidade geológica. O movimento do núcleo é um dos motores do campo magnético terrestre, a camada invisível que nos protege da radiação solar e viabiliza desde a vida na superfície até tecnologias modernas de navegação, comunicação e satélites. Quando essa engrenagem sofre mudanças, mesmo que sutis, o impacto pode se refletir em múltiplas escalas: da instabilidade climática à vulnerabilidade de sistemas digitais que dependem da constância desse escudo natural.
Os registros sísmicos analisados entre 1990 e 2021 indicam que, até 2009, o núcleo girava mais rápido que a crosta. Depois, esse ritmo desacelerou e pode ter chegado a um ponto de pausa. O fenômeno não é inédito: já teria acontecido na década de 1970, sugerindo um ciclo aproximado de 70 anos. Do ponto de vista geotecnológico, isso abre espaço para modelagens mais precisas sobre como tais oscilações influenciam placas tectônicas, terremotos e até a duração dos dias na Terra — variando em milissegundos, mas com efeitos acumulativos no balanço climático global.
Aqui, a fronteira entre geologia e tecnologia se estreita: compreender o núcleo é também antecipar riscos que vão do aumento da atividade sísmica à eventual fragilização do campo magnético, que poderia expor sistemas elétricos e digitais a tempestades solares de intensidade hoje inimaginável.
A pergunta que fica é: estamos preparados para traduzir esse conhecimento em estratégias tecnológicas e de infraestrutura resiliente, ou continuaremos tratando os “batimentos cardíacos” da Terra como meras curiosidades acadêmicas, até que eles afetem diretamente a nossa civilização conectada?




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