Explosão em Quatro Barras: laudo aponta frio intenso como causa provável, mas atenção segue voltada às vítimas
- VANDERLEI CARON

- 15 de set.
- 2 min de leitura
A manhã desta segunda-feira (15) trouxe novas respostas para as famílias dos nove trabalhadores que perderam a vida na explosão ocorrida na planta da empresa Enaex, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. A Polícia Científica do Paraná (PCIPR) concluiu, em apenas 19 dias, o laudo que identifica as causas prováveis do acidente e oferece recomendações para aumentar a segurança no setor.

De acordo com o documento, o frio intenso registrado no dia — cerca de 3°C — pode ter contribuído significativamente para o incidente. A baixa temperatura teria favorecido a solidificação do pentolite, explosivo utilizado no carregamento dos busters, que ao colidir contra as bases dos agitadores pode ter provocado a detonação.
Trabalho com foco nas vítimas
O laudo não se restringe aos aspectos técnicos. Desde o início, o trabalho da PCIPR foi direcionado para duas frentes:
Identificação das vítimas, utilizando o protocolo internacional DVI (Disaster Victim Identification), garantindo que cada família pudesse ter uma resposta rápida e digna;
Análise detalhada da explosão, com recolhimento de vestígios, estudo de documentos e avaliação dos equipamentos destruídos.
A identificação dos nove trabalhadores foi concluída em apenas nove dias, um esforço que envolveu aproximadamente 80 profissionais entre peritos criminais, equipes de genética forense e papiloscopistas.
Investigações continuam com prioridade
A Delegacia da Polícia Civil do Paraná (PCPR) mantém a investigação ativa para determinar se houve negligência ou falha humana que possa ter contribuído para a tragédia. O inquérito foi prorrogado por mais 30 dias para permitir que todas as diligências sejam concluídas com o devido rigor.
“Nosso objetivo é entregar às famílias um relatório final responsável e completo. Cada informação precisa ser confirmada para que nenhuma dúvida permaneça sobre o que realmente aconteceu”, destacou a delegada Géssica Andrade.
Mais do que números
Apesar dos avanços técnicos, o impacto da tragédia continua sendo sentido. Nove famílias perderam seus entes queridos, nove histórias foram interrompidas, e a prioridade agora é garantir que elas recebam o apoio necessário — emocional, social e financeiro — para enfrentar as consequências deste acidente.
A conclusão do laudo e a agilidade na identificação das vítimas são passos importantes, mas ainda é preciso olhar para o futuro: reforçar protocolos de segurança, fiscalizar de forma mais rigorosa o setor e criar políticas que impeçam novas tragédias. Afinal, para cada número nos relatórios oficiais, existe uma vida, uma família e uma comunidade em luto.




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