Quando a saúde pede mais que um brinde: o selo que pode salvar vidas no Paraná
- ANA ARIELLO

- 7 de out.
- 2 min de leitura
Nos últimos meses, os números têm falado mais alto que qualquer discurso: pessoas perdendo a visão ou até a vida após consumir bebidas adulteradas com metanol. Não se trata de casos isolados, mas de um problema de saúde pública que cresce em silêncio e que, muitas vezes, só aparece quando já é tarde demais.

Diante desse cenário, o Paraná dá um passo importante ao discutir o projeto de lei 393/2025, de autoria do deputado estadual Requião Filho (PDT), em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar). A proposta prevê a criação do selo “Beber Legal”, que funcionará como um certificado de procedência e qualidade das bebidas comercializadas em bares, restaurantes e casas noturnas do estado.
A medida tem um caráter essencialmente preventivo: ela não apenas combate o comércio ilegal, mas também dá ao consumidor a segurança de saber o que está ingerindo. É, em outras palavras, uma política de saúde pública disfarçada de medida regulatória. Afinal, quando falamos de bebidas adulteradas, não estamos discutindo apenas perdas econômicas ou concorrência desleal — estamos falando de pessoas internadas, de sequelas irreversíveis, de famílias inteiras impactadas.
O presidente da Abrabar, Fábio Aguayo, lembra que o Paraná tem um desafio adicional por estar numa rota de entrada de produtos ilegais vindos de países vizinhos. É mais um motivo para que a fiscalização seja acompanhada de instrumentos claros de identificação e rastreabilidade, como o selo.
Os números nacionais dão a dimensão da gravidade: estima-se que 36% dos destilados vendidos no país são adulterados. Não é exagero dizer que, hoje, beber sem saber a origem da bebida pode ser uma roleta-russa para o organismo. O Brasil perdeu R$ 28 bilhões em arrecadação só em 2024 devido ao mercado ilegal, mas o que se perde em saúde, em vidas e em qualidade de vida, é incomparável.
Se aprovado, o “Beber Legal” pode transformar o Paraná em referência nacional. Mais do que valorizar o comércio formal, a iniciativa simboliza a valorização da vida. Afinal, saúde não se negocia — e segurança naquilo que consumimos é parte essencial do nosso bem-estar.




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