O Boticário desenvolve aroma de flores vivas sem precisar colhê-las
- VANDERLEI CARON

- 24 de out.
- 2 min de leitura
O setor de perfumaria vive um momento de inflexão — e, curiosamente, o que está em jogo não é apenas o cheiro das flores, mas o próprio modelo de negócio que envolve tecnologia, sustentabilidade e economia de recursos naturais.

Nos últimos anos, a indústria global de fragrâncias tem buscado reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência produtiva. O Brasil, que já figura entre os maiores mercados consumidores de perfumes do mundo, passa agora a ser também um polo de inovação científica no setor.
A técnica Green In®, desenvolvida pelo Grupo Boticário, é um marco nesse movimento. Ao permitir capturar o aroma de flores vivas sem colhê-las, o método transforma o conceito de matéria-prima. Utilizando análise molecular, microextração em fase sólida e cromatografia gasosa, o processo identifica o chamado “DNA olfativo” das espécies e o reproduz em laboratório. O resultado: fragrâncias fiéis à natureza, produzidas sem esgotar seus recursos.
Do ponto de vista econômico, a inovação representa uma vantagem estratégica. Reduz custos com cultivo e transporte de insumos naturais, elimina desperdícios e, sobretudo, cria um ativo intangível de alto valor — a propriedade intelectual do aroma. É ciência aplicada à competitividade, em uma indústria que movimenta bilhões e depende cada vez mais de diferenciação tecnológica.
Segundo Gustavo Dieamant, diretor de P&D do grupo, a técnica une “ciência e natureza para criar experiências únicas e responsáveis”. A frase traduz um novo paradigma empresarial: lucrar e preservar não são verbos incompatíveis.
O projeto, iniciado em 2022, envolveu pesquisas em Curitiba, Holambra e Porto Alegre. As rosas de Holambra, reconhecidas pelo aroma mais puro, serviram como base para a composição da nova fragrância, criada pelos perfumistas César Veiga e Natasha Côté (IFF). A gardênia completou o buquê floral, garantindo equilíbrio e profundidade à essência.
A inovação da perfumaria reflete um movimento mais amplo: a economia verde deixou de ser discurso e passou a ser diferencial competitivo. O consumidor moderno valoriza propósito, transparência e impacto ambiental positivo. E o que o Boticário fez foi transformar esse novo comportamento em vantagem de mercado — com perfume de futuro e cheiro de boa gestão.




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