CHANGES abre as portas no mesmo local do antigo EMPÓRIO SÃO FRANCISCO
- VANDERLEI CARON

- 11 de out.
- 2 min de leitura
O retorno do Changes Bar ao tradicional endereço do antigo Empório São Francisco marca mais do que a reabertura de um espaço: representa uma tentativa ousada de reaquecer o circuito noturno curitibano, movimentar a economia local e reconectar o público com a identidade roqueira da cidade.

A escolha do ponto — na esquina das ruas Presidente Carlos Cavalcanti e João Manoel — é estratégica. Trata-se de um endereço icônico, de forte valor simbólico e histórico para a cena musical da capital. Do ponto de vista econômico, a aposta é clara: reviver a nostalgia do público roqueiro dos anos 2000 e 2010, um nicho fiel, mas que há tempos carece de espaços consolidados na cidade.
Com a abertura oficial nesta sexta-feira (10), o Changes aposta em uma operação que mistura conceito e viabilidade financeira: entrada paga, cardápio de finger foods e drinks autorais e uma parceria com a cervejaria Swamp, que garante o fornecimento exclusivo de chopes artesanais. Além de fortalecer o consumo de marcas locais, o modelo busca rentabilidade sem se afastar da essência cultural do projeto.
A curadoria musical — o verdadeiro motor do negócio — promete ser o diferencial competitivo da casa. Na estreia, nomes lendários como Faichecleres e Dissonantes reacendem a memória de quem viveu a era dourada do rock curitibano. No sábado (11), Syd Vinicius e Candyman Club assumem o palco, consolidando um início com apelo emocional e artístico.
Mas aqui entra um ponto de atenção: o sucesso comercial e simbólico do Changes dependerá diretamente das bandas que subirem ao palco. Se os nomes forem tão autênticos, provocantes e enérgicos quanto os que marcaram os anos de ouro do rock curitibano, o bar tem tudo para ser um case de sucesso — unindo entretenimento e sustentabilidade financeira. Porém, se a curadoria se perder em repetições mornas ou escolhas descoladas do público, o efeito pode ser o inverso: o encanto da nostalgia se dilui, e o retorno vira apenas mais uma lembrança.
A ambientação — dividida entre o bar principal e um subsolo que simula um “pântano urbano” — reforça a proposta estética e sensorial da casa. O investimento em experiência e atmosfera é, sem dúvida, um dos trunfos da nova gestão, que também mantém o discurso de responsabilidade: bebidas regularizadas, atenção às normas de segurança e compromisso com o público.
Em suma, o Changes chega para reaquecer uma fatia importante da economia noturna curitibana e reposicionar o bairro São Francisco como polo cultural alternativo. O desafio agora é manter o equilíbrio entre a memória e o presente, entre o que o público espera ouvir — e o que ele ainda não sabe que quer.
Se o som for bom, o rock volta a pulsar na esquina. Caso contrário, será apenas mais um eco do passado tentando ser ouvido no presente.




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